sábado, 22 de outubro de 2011

Choro do bebê

Fome e cólica estão entre as principais causas do berreiro. Saiba como detectar e resolver esses e outros incômodos




Imagine passar nove meses em um lugar muito aconchegante onde nunca falta carinho e muito menos alimento e, de um dia para o outro, perder todas essas regalias. Não parece nada fácil e, embora todos tenhamos passado por isso, é impossível lembrar o que sentimos em nossos primeiros dias de vida. “O recém-nascido não tem condições de manifestar intencionalmente suas necessidades. Seu organismo permite comunicar que algo não está bem apenas por meio do choro”, afirma Tereza Hatae Mito, professora do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Assim, para a maioria dos pais, é difícil entender quais os anseios do bebê em cada situação. Conversamos com especialistas para ajudar na árdua da tarefa de decifrar as principais necessidades expressas pelo pranto.

Como agir

A primeira atitude frente a um bebê que chora é marcar presença por meio da voz e do toque, de acordo com a psicóloga do Mackenzie. “Muitas vezes, quando ele já reconhece a voz da mãe, basta sentir que ela está por perto para que se acalme, pois se sente desprotegido e angustiado quando dá conta de sua falta”, diz. Isso acontece porque, no início da vida, não se tem a noção clara do que é parte de si e do outro – o bebê ainda não se diferencia da mãe. Dessa forma, ele precisa de muita atenção e do atendimento imediato de suas necessidades. “Mas conforme se desenvolve, ele vai aprendendo a tolerar esperas e frustrações”, afirma Tereza. Já com o pequeno no colo, a mãe deve verificar se suas necessidades básicas foram supridas: se dormiu o suficiente e se está bem alimentado, limpo e vestido de acordo com a temperatura ambiente. “Em geral, quando se trata de uma demanda rotineira, o choro cessa depois de o bebê ser acudido, mas, como há vezes em que o incômodo persiste, é importante também levantar hipóteses como dores ou algo que possa tê-lo assustado”, orienta Tereza. A pediatra Wilma Hossaka, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, indica, ainda, que os pais observem se o filho está respirando normalmente e se a tonalidade da pele continua a mesma. À medida que os primeiros (longos) dias passam, essas verificações começam a ocorrer de forma mais automática, pois a mãe vai desenvolvendo a capacidade de decodificar os desejos do bebê. Aos poucos, ela percebe que a intensidade e duração do choro, a movimentação e a expressão do bebê mudam de acordo com aquilo que ele está “pedindo” e, assim, cria-se um canal de comunicação. “Mas esse tempo varia conforme a sensibilidade da mãe”, ressalta Tereza.

Transparência

Cada bebê tem uma maneira de demonstrar seus desejos, mas algumas manifestações são comuns à maioria deles, como as “caretas” de dor, por exemplo. “A expressão facial é muito reveladora e dificilmente um recém- nascido consegue “camuflar” seus sentimentos”, afirma a professora.


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Cólica
A careta costuma estar associada às cólicas, que, em geral, vêm acompanhadas de um choro agudo e persistente e um apelo desesperado, segundo Tereza, que ressalta que este comportamento pode estar ligado a outros tipos de dor, como as de ouvido, bastante frequentes nos primeiros anos de vida. “Os lactentes com cólica se contorcem bastante, esticando e encolhendo as pernas”, acrescenta a médica da Beneficência, que chama atenção para o fato de que a dor tende a ocorrer no final da tarde ou início da noite. Na maioria das vezes, as cólicas cedem espontaneamente, “mas procedimentos como levar o bebê ao colo, aplicar compressas quentes no abdome e fazer massagens no local podem trazer alívio mais rapidamente”, sugere Paulo Taufi Maluf Jr., pediatra do hospital paulistano Nove de Julho. A utilização de medicamentos, em casos extremos, deve ser orientada por um profissional. 


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Fome
“A necessidade de se alimentar é a causa mais comum do choro”, informa o pediatra. As mamadas devem ocorrer a cada três ou quatro horas e, com a proximidade do horário, é normal que os recém-nascidos chorem e demonstrem impaciência. Chupar os dedos e abrir a boca com as mãozinhas sobre os seios da mãe também são indícios de que ele precisa se alimentar. Se as lágrimas são persistentes e não cessam após o bebê se alimentar, Wilma Hossaka recomenda que os pais verifiquem junto ao pediatra se as mamadas estão sendo eficientes e se o volume de leite está adequado. 




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Sono
Os recém-chegados precisam dormir cerca de 18 horas por dia. “No início, é comum que “briguem” com o sono, pois este é um período de adaptação. Eles ficam bastante chorosos durante esse processo e cabe aos pais garantir um local tranquilo e com meia luz, o que os ajuda a iniciar o sono”, indica Wilma. Mudanças de ambiente e ruídos excessivos são fatores que também podem atrapalhar o sono dos pequenos, de modo que a rotina, especialmente nos primeiros meses, é extremamente importante. Ficar agitado, manhoso, e derramar lágrimas carregadas de nervosismo e irritação são outros sinais de que algo o está impedindo de dormir com os anjos. 




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Temperatura
O pranto pode indicar desconforto térmico, principalmente porque o recém- nascido ainda não é capaz de manter a temperatura corporal. Assim, vale a orientação de que os bebês devem usar apenas um abrigo a mais em relação ao que a mãe estiver vestindo. Nessa situação, o choro é bem semelhante ao provocado pelo sono, que transmite desconforto. 



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É manha?
Na opinião de Tereza Mito, é difícil falar em manha ou birra sem pensar em “intenções” que estejam por trás das lágrimas. “Um bebê que fica muito tempo sem colo e só o recebe quando chora rapidamente adota a “estratégia” para suprir suas carências”, exemplifica. Daí a necessidade de observação constante da criança e atenção às atitudes que, com o tempo, ela passa a ter. Só quem é muito próximo do bebê tem condições de avaliar quando e quanto pode deixá-lo chorar, porém “é preciso levar em conta que um pouco de choro pode fortalecê-lo e o excesso provoca muita angústia”, afirma a profissional. “Em casos de dúvida, o melhor a fazer é procurar um psicólogo para tentar entender as causas do pranto e como a mãe pode estar acentuando o problema.” Há também situações em que a criança se sente insegura. Nesses casos, não raro as lágrimas vem acompanhadas de soluço. 

Atenção!

“Sempre que o choro é prolongado, não há fome e já foram realizados os ajustes para alívio das causas mais frequentes, deve-medir a temperatura da criança e verificar a presença de alterações na pele, nos membros e na cabeça, além de checar sinais de traumatismo”, recomenda Paulo Taufi Maluf Jr. É importante averiguar, também, se o choro acompanha sinais de infecção, tais como febre, vômitos, tosse e diarreia.




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